sexta-feira, 25 de julho de 2008

Tributo á memória do mestre Edward Leão

Comentário

As obras artísticas - poesias. . . pinturas. . . - representam o estado emocional do seu autor no momento da criação. Nem sempre, porém, de cunho individual. O “ POEMA NEGRO “ deixa transparecer amargura no fim de uma luta gloriosa e vitoriosa. Catástrofe de fim, pânico e desespero, muita cousa de Dante o divino Dante, e um pouquinho de Homero, como fala o poeta.

JGL

POEMA NEGRO

Os meus poemas têm ruídos de estertores
ritus e contorções, espasmos de agonia,
algo de sepulcral sobre a fisionomia
na estranha lividez dos últimos palores . . .

São câmaras de morte enfeitadas de flores,
vésperas de velório, esboços de elegia;
cantos de pôr – do - sol, nénias de fim do dia,
na cristalização total das grandes dores . . .

Catástrofes de fim, pânico e desespero
- muita cousa de Dante e um pouquinho de Homero,
últimos quadros da alma atormentada e exangue,

Mas, se em meus versos há ressaibos da cicuta
Que me dão a beber ao término da luta,
é que sinto o torpor da morte no meu sangue.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Tributo á memória do mestre Edward Leão

Comentário

A sensibilidade anímica do poeta; o aspecto social; as atribulações e os sofrimentos da vida humana estão no soneto “O CARREGADOR”.

JGL


O CARREGADOR


Vergado ao peso enorme do volume
e ruminando o fel da vida amarga,
eis o homem cuja vida se resume
em ser paciente azêmola de carga.

Doem-lhe os rins e sente em cada ilharga
a pressão de um punhal de afiado gume
- Atlas de dorso nu e espádua larga
que canta por disfarce ou por costume –

Ó meu irmão de músculos retesos,
de olhos em brasa eternamente acesos
e compleição de lutador romano,

eu não invejo o teu vigor de atleta,
porque na alma raquítica de poeta
carrego o peso do tormento humano.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Tributo á memória do mestre Edward Leão

Comentário

Quando for escrita a “ HISTÓRIA DO ENSINO” em Raul Soares o mestre Edward Leão terá um lugar de destaque. Foi professor do Ginásio São Sebastião, desde a sua fundação nos anos 40; uma iniciativa louvável do Prof. Alberto Álvaro Pacheco, educador de Viçosa.
Em 1945, em conseqüência de algumas turbulências administrativas, assumiu a direção do São Sebastião o médico Dr. Heitor Soares de Moura, figura humana admirável, descendente do Dr. Raul Soares, influente político mineiro com destacada atuação no País e em Minas Gerais.
Foi a fase áurea do Ginásio São Sebastião, transformado em Instituto São Sebastião, já sob a direção do Dr. Hugo de Aquino Leão, que se tornou o proprietário do estabelecimento de ensino. Os cursos Normal e de Contabilidade foram incluídos no currículo dando, assim, a muitos pais, condições de uma melhor preparação escolar para os seus filhos e uma ferramenta de trabalho para os mesmos. Além de que, abriu para muitos o caminho para a faculdade.
O mestre Edward Leão, um amante da música, presenteou o Ginásio São Sebastião com a letra e música do hino oficial da saudosa Casa de Ensino. Uma página de saudade que certamente emoções proporcionará aos ex – alunos do São Sebastião.

JGL


HINO OFICIAL DO GINÁSIO SÃO SEBASTIÃO


Primeira parte

Colegas cantemos alegres, ufanos,
a glória sem par deste facho de luz !
Farol que ilumina e desvenda os arcanos
do livro que ensina, aprimora e conduz !

Estribilho

Ginásio querido ! Jamais esquecido,
serás na memória de quem te conhece !
És límpida fonte, dourado horizonte,
aurora que fulge, rosal que floresce !

Segunda parte

Saudamos as cores nos teus arrebóis,
querido Ginásio de São Sebastião !
rosário de gemas, de estrelas, de sóis
Formando diadema de luz n’amplidão.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Tributo á memória do mestre Edward Leão

Comentário

O soneto “Árida Paisagem” parece-nos uma auto - análise.
“No áspero deserto da vida passaram caravanas de ilusões, marchando a esmo como estranhas e fantásticas visões. “ E afoito, “ como um sonho louco” acaba sumindo no abismo de um areal.

JGL

ÁRIDA PAISAGEM

De minha vida no áspero deserto
passaram caravanas de ilusões,
marchando a esmo, sob o céu aberto,
como estranhas, fantásticas visões . . . .


Tentavam repousar no abrigo incerto
que a ventura constrói nos corações
- esses oásis que se vêem perto
no lampejar das alucinações -

no meio delas, beduíno errante,
com clarões de apoteose no semblante,
ia a galope o príncipe Ideal . . .


Sublime e afoito como um sonho louco,
fugia na distância, pouco a pouco,
sumindo-se no abismo do areal.