quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Tributo á memória do Mestre Edward Leão

Homenagens



Edward Leão teve uma vida curta. Nasceu em 1898 e faleceu em 1956. Personalidade fascinante, causeur admirável, orador brilhante, conferencista dos mais cultos, historiador, professor emérito, jornalista, músico; um intelectual completo. Como costuma acontecer com tantos valores no País a sua vasta obra se perdeu nas publicações na imprensa interiorana, de Minas e de outros estados.
Divulgou alguns de seus versos nos livros “Alma Errante”, editado em 1932, e “Tapera Ensolarada”, em 1955, este pouco tempo antes de seu falecimento.
Na coluna “Poetas Mineiros”, na “Folha de Minas”, de Belo Horizonte, “Tapera Ensolarada” mereceu do crítico responsável os seguintes comentários: “EDWARD LEÃO - Nasceu em 26 de abril de 1898, em Tocantins, Minas Gerais. Desde a adolescência manifestou pendores literários, que vieram a se concretizar aos vinte anos, com a publicação da plaquete de versos “Alma Errante”, dedicado a Mário Mendes Campos, conterrâneo e amigo inseparável do poeta. Autodidata, dedicou-se ao magistério, e, depois de lecionar em cursos particulares, dirigiu e ministrou aulas, até sua morte, no Ginásio São Sebastião, de Raul Soares. Sua produção literária encontra-se esparsa em publicações da Zona da Mata, onde se fez famoso como orador primoroso. Faleceu em Belo Horizonte, onde foi sepultado, em 9 de agosto de 1956. Nos últimos tempos de vida, surgiu com a plaquete intitulada “Tapera Ensolarada”.
O poeta Gonçalves da Costa, grande amigo e admirador de Edward Leão, certa vez afirmou que a obra dele “há de ficar na nossa lembrança e constituirá um dos maiores acervos da cultura e sensibilidade desta terra. Dotado de cultura geral, tinha uma expressão fácil, copiosa e envolvente. Se entrávamos às apalpadelas num assunto qualquer, ele, notando logo tal situação, modestamente, e com habilidade, se esgueirava até atingir o assunto, dominava-o, dissecava-o até ao âmago.”
Dilermando Rocha, o mais festejado poeta e escritor raul – soarense dos tempos modernos, não se esqueceu do velho mestre escrevendo no seu livro “Irmão Preto”, 2ª edição, João Scortecci Editora, 1995, página 61:

ÁRABE ERRANTE

A Edward Leão

Por essa vida, um áspero deserto,
passam as caravanas de ilusões;
vão avançando, sem destino certo,
buscando oásis dentro de visões.
Tantas vezes me dão um clima aberto
com outra vida, sem as privações,
mas lá eu sofro, pois me sinto incerto
entre falsos amigos e traições.
Sempre quis ser - somente - árabe errante
no meu chão agreste e fiel amante
do simum, do siroco e nas paisagens
deixe-me seguir: quero tanto o pouco
de poesia que há em tudo. (Louco?)
Nunca tente, jamais, matar miragens.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Prof. Edward Leão

NOTAS BIOGRÁFICAS


NASCEU EM 26 DE ABRIL DE 1898 EM TOCANTINS (MG).
FOI CASADO COM D. MARIA DE AQUINO LEÃO Leão, MULHER DE ACRISOLADAS VIRTUDES.
TEVE DOIS FILHOS, AMBOS JÁ FALECIDOS : DR. HUGO DE AQUINO LEÃO, CAUSÍDICO BRILHANTE, GRANDE TRIBUNO, EDUCADOR, ESPORTISTA, POLÍTICO E JORNALISTA COMPETENTE, E JOSÉ D’AQUINO LEÃO, O NOSSO SAUDOSO MORENO LEÃO, SERVENTUÁRIO DA JUSTIÇA, ESPORTISTA, TORCEDOR APAIXONADO DO CLUBE ATLÉTICO MINEIRO E DA ASSOCIAÇÃO ESPORTIVA RAUL-SOARENSE, A GLORIOSA ÁGUIA DOS EUCALÍPTOS, POETA DE RARA INSPIRAÇÃO, PIANISTA, JORNALISTA.
O PROFESSOR EDWARD LEÃO CHEGOU A RAUL SOARES NA DÉCADA DE 20.
FOI A EXPRESSÃO MAIOR DA INTELECTUALIDADE E DA CULTURA DE NOSSA TERRA.
PROFUNDO CONHECEDOR DA LINGUA PÁTRIA FOI EM MINAS GERAIS UM DOS LUMINARES NO ENSINO DA LÍNGUA E LITERATURA PORTUGUESA.
LECIONOU, TAMBÉM, A LINGUA FRANCESA, IDIOMA QUE DOMINOU COM MUITA MAESTRIA TENDO O PRIVILÉGIO DE CONHECER NO ORIGINAL AUTORES COMO FLAUBERT, DUMAS, ZOLA, DAUDET, VICTOR HUGO E OUTROS GRANDES AUTORES QUE ENRIQUECERAM A LITERATURA UNIVERSAL COM IMORREDOURAS OBRAS.
A EXTENSÃO DE SEUS CONHECIMENTOS FIZERAM QUE LECIONASSE TAMBÉM OUTRAS MATÉRIAS : HISTÓRIA, GEOGRAFIA, BIOLOGIA . . .
FOI PROFESSOR, INICIALMENTE, EM CURSOS PARTICULARES. ATINGIU O CLIMAX DO MAGISTÉRIO NO GINÁSIO SÃO SEBASTIÃO, POSTERIORMENTE TRANSFORMADO EM INSTITUTO SÃO SEBASTIÃO, CASA DE ENSINO FUNDADA PELO PROFESSOR ALBERTO ÁLVARO PACHECO, DA CIDADE DE VIÇOSA, QUE FUNCIONOU POR MAIS DE UMA DÉCADA NO PRÉDIO ONDE HOJE ESTÁ A USINA DA COOPERATIVA AGROPECUÁRIA DE RAUL SOARES, NA RUA BOM JESUS.
O COMPLEXO DE ENSINO “INSTITUTO SÃO SEBASTIÃO” COMPREENDIA : GINÁSIO, ESCOLA NORMAL JANUA COELE E ESCOLA TÉCNICA DE COMÉRCIO VINTE DE JANEIRO.
O RENOMADO MESTRE FOI TAMBÉM COMPOSITOR E POETA INSPIRADO.
COMPÔS OS HINOS DO GINÁSIO SÃO SEBASTIÃO E DA ESCOLA NORMAL JUANA COELE.
A SUA OBRA POÉTICA BASTANTE VASTA TINHA A INFLUÊNCIA DAS ESCOLAS PARNASIANA E SIMBÓLICA, NAS QUAIS PONTIFICARAM BILAC, CRIUZ E SOUZA, ALPHONSUS DE GUIMARAENS, O MÍSTICO DE MARIANA.
AUTORIZADO DEPOIMENTO DO TAMBÉM GRANDE POETA GONÇALVES DA COSTA NOS DIZ QUE EDWARD LEÃO ERA “DOTADO DE CULTURA GERAL INVEJÁVEL, TINHA UMA EXPRESSÃO FÁCIL, COPIOSA E ENVOLVENTE. SE ENTRÁVAMOS ÀS APALPADELAS NUM ASSUNTO QUALQUER ELE NOTANDO LOGO TAL SITUAÇÃO, MODESTAMENTE, E COM HABILIDADE, SE ESGUEIRAVA ATÉ ATINGIR O ASSUNTO, DOMINANDO-O, DISSECANDO-O ATÉ O ÂMAGO.”
SUA PRODUÇÃO LITERÁRIA ENCONTRA-SE ESPARSA EM TODAS AS PUBLICAÇÕES DA ZONA DA MATA, PRINCIPALMENTE NOS JORNAIS“RAUL SOARES”,“A TRIBUNA “, O IMPARCIAL”, E NO “JORNAL DO POVO”, O GRANDE JORNAL DE PONTE NOVA DO INESQUECÍVEL ANÍBAL LOPES.
PUBLICOU OS LIVROS “ALMA ERRANTE”, DEDICADO A MARIO MENDES CAMPOS, CONTERRÂNEO E AMIGO INSEPARÁVEL, E “TAPERA ENSOLARADA”.
FOI EFICIENTE SERVENTUÁRIO DA JUSTIÇA MINEIRA COMO TITULAR DO CARTÓRIO DO 1º OFÍCIO E DO REGISTRO DE IMÓVEIS DA COMARCA DE RAUL SOARES.
“CAUSEUR” ADMIRÁVEL E ORADOR PRIMOROSO, CONFERENCISTA E HISTORIADOR, ENCANTAVA A TODOS PELA PROFUNDIDADE DE SEUS CONCEITOS, RIQUEZA DAS IMAGENS E PUREZA VERNACULAR.
EVENTUALMENTE, FOI POLÍTICO, SUPLENTE DE VEREADOR À CÂMARA MUNICIPAL DE RAUL SOARES.
O SEU FALECIMENTO, OCORRIDO EM 9 DE AGOSTO DE 1956, FOI MUITO SENTIDO NOS CÍRCULOS INTELECTUAIS E CULTURAIS. MINAS GERAIS PERDERA, UMA DAS SUAS FIGURAS MAIS ILUSTRES E FASCINANTES.
UM DOS BELOS SONETOS DO POETA É “ O FICUS “ QUE TRANSCREVEMOS :

“ O FICUS


POBRE ÁRVORE SEM FLORES E SEM FRUTOS,
-MERO ORNAMENTO ESTÉTICO DAS RUAS -
QUE A BEM DA FORMA SANGRA EM DORES CRUAS
DA TESOURA DO ARTISTA AOS GOLPES BRUTOS

NOS MESES DE VERÃO, QUENTES, ENXUTOS,
QUANDO OUTRAS PLANTAS ESTÃO QUASE NUAS,
FAZ GOSTO VER AS RAMARIAS SUAS, FORMANDO VERDES, SÓLIDOS REDUTO. . .

HÁ PESSOAS ASSSIM COMO ESSA PLANTA;
NÃO DÃO FRUTO NEM FLOR ATÉ A MORTE,
MAS TEM CERTO PODER QUE NOS ENCANTA

SOFREM MUTILAÇÕES DE TODA SORTE,
MAS, NUMA RESISTÊNCIA QUASE SANTA REVERDECEM DE NOVO A CADA CORTE .“


PUBLICOU EM JORNAIS ALGUNS TRABALHOS SOB OS PSEUDÔNIMOS ERASMO LÍRIO E FÍGARO, CRÔNICAS DO COTIDIANO E RELATOS HISTÓRICOS DE RAUL SOARES.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Comportamento humano

Filosofia grega

Os filósofos gregos tinham por hábito debater as questões pertinentes à organização das cidades e o comportamento de seu povo, sob todos os aspectos. Presentes no Pireu para orações à deusa (para um ateniense “a deusa” era usualmente Atena ante a referência aos Trácios e a menção expressa da celebração das Bendidéias em 350 levam os estudiosos a identificá-la com Bêndis, deusa tráçia que se confundia com Artemis).
Reunidos Sócrates, Platão e os irmãos mais velhos Glauco e Adimanto, Nicérato, filho de Nícias, político e general ateniense, Polemarco e os irmãos Lísias, famoso orador, autor de célebre discurso, o Contra Erastótenes, e Eutidemo, e, ainda, Trasímaco de Calcedônia e Carmantidas de Paianieu e Clitofonte, filho de Arístonimo. Presente também estava Céfalo, pai de Polemarco. Debateram entre outras as questões da “justiça” e “injustiça”.
Questionamento de Sócrates motivou a Trasímaco dizer: “( ) E és tão profundamente versado em questões de justo e justiça, de injusto e injustiça, que desconheces serem a justiça e o justo um bem alheio, que na realidade consiste na vantagem do mais forte e de quem governa, e que é próprio de quem obedece e serve ter prejuízo; enquanto a injustiça é o contrário, e é quem manda nos verdadeiramente ingênuos e justos; e os súditos fazem o que é vantajoso para o mais forte e, servindo-o, tornam-no feliz a ele, mas de modo algum a si mesmos. E assim, ó meu simplório, basta reparar que o homem justo em toda a parte fica por baixo do injusto. Em primeiro lugar, nos consórcios que fazem uns com os outros, quando uma pessoa de uma destas espécies se associa com uma da outra, jamais se verificará, por ocasião da dissolução da sociedade, que o justo tenha mais do que o injusto, mas sim menos. Depois nas questões civis, onde quer que haja contribuição a pagar, o justo em condições iguais paga uma contribuição maior, e o outro, menos. Quando se tratar de receber, um não lucra nada, e o outro, muito. E, se algum dos dois ocupar um posto de comando, o justo pode contar, ainda que não tenha outro prejuízo, com ficar com os seus bens pessoais em má posição, por incúria, e com não ganhar coisa alguma com os do Estado, por ser justo. Em cima disto ainda, com criar inimizades com parentes e conhecidos, por se recusar a servi-los contra a justiça. Ao passo que o homem injusto pode contar com o inverso de tudo isto. Refiro-me àquele que há pouco mencionei, ao que pode ter grandes ambições de supremacia. Repara, pois, neste homem, se queres julgar quanto mais vantagem tem para um particular ser injusto do que ser justo. Mas a maneira mais fácil de aprenderes é se chegares à mais completa injustiça, aquela que dá o máximo de felicidade ao homem injusto, e a maior das desditas aos que foram vítimas de injustiças, e não querem cometer atos desses. Trata-se da tirania, que arrebata os bens alheios pela fraude e pela violência, quer sejam sagrados ou profanos, particulares ou públicos, e isso não aos poucos, mas de uma só vez. Se alguém for visto a cometer qualquer destas injustiças de per si, é castigado e recebe as maiores injúrias. Efetivamente, a quem comete qualquer destes malefícios isoladamente, chama-se sacrílego, traficante de escravos, gatuno, espoliador, ladrão. Mas se um homem, além de se apropriar dos bens dos cidadãos, faz deles escravos e os tornam seus servos, em vez destes epítetos injuriosos, é qualificado de feliz e bem aventurado, não só pelos seus concidadãos, mas todos os demais que souberem que ele cometeu essa injustiça completa. É que aqueles que criticam a injustiça não a criticam por recearem praticá-la, mas temerem sofrê-la. Assim, Sócrates, a injustiça, quando chega a um certo ponto, é mais potente, mais livre e mais despótica do que a justiça, e, como eu dizia a princípio, a vantagem do mais forte é a justiça, ao passo que a injustiça é qualquer coisa de útil a uma pessoa, e mais vantajosa.”
Os conceitos de Trasímaco não convenceram aos demais pelo que foi impedido de retirar-se sem antes prestar contas das suas palavras.
Sócrates enfaticamente afirma: “Eu, por mim, declaro-te qual é a minha opinião: não estou convencido nem creio que a injustiça seja mais vantajosa do que a justiça, ainda que alguém deixe àquela a uma pessoa à solta, sem a impedir de fazer o que quiser. Mas, meu bom amigo, que uma pessoa seja injusta, que possa cometer injustiças ou pela fraude ou em luta aberta, mesmo assim o seu exemplo não me convence que isso é mais proveitoso para ela do que a justiça. Esta mesma impressão é talvez a de outros dentre nós, e não minha apenas. Convence-nos, portanto, ó meu bem-aventurado, e de maneira suficiente, que erramos, quando damos maior valor à justiça do que à injustiça.”
Para Sócrates os homens de bem não aspiram governar nem por causa das riquezas, nem das honrarias, porquanto não querem ser tratados por mercenários, exigindo abertamente a recompensa do seu cargo, nem de ladrões, tirando vantagem da sua posição. Também não desejam governar por causa das honrarias, uma vez que não as estimam. Força é, pois, que sejam constrangidos e castigados, se se pretende que eles consintam em governar; de onde vem que se arrisca a ser considerado uma vergonha ir voluntariamente para o poder, sem aguardar a necessidade de tal passo. Ora, o maior castigo é ser governado por quem é pior do que nós, se não quisermos governar nós mesmos. É com receio disso, que os bons ocupam as magistraturas, quando governam; e então vão para o poder, não como quem vai tomar conta de qualquer benefício, nem para com ele gozar, mas como quem vai para uma necessidade, sem ter pessoas melhores do que eles, nem mesmo iguais, para quem possam relegá-lo. Efetivamente, arriscar-nos-íamos, se houvesse um Estado de homens de bem, a que houvesse competições para não governar, como agora as há para alcançar o poder, e tornar-se-ia então evidente que o verdadeiro chefe não nasceu para velar pela sua conveniência, mas pela dos seus subordinados. De tal maneira que todo aquele que fosse sensato preferiria receber benefícios de outrem a ter o trabalho de ajudar ele aos outros. Opunha-se, portanto, á Trasímaco segundo o qual a justiça seria a conveniência do mais forte.
Instado a dar o seu depoimento sobre a afirmacão de Trasímaco: “melhor a vida do injusto do que a do justo”, disse Glauco, sem titubeio: “Considero que a vida do justo é a mais vantajosa”.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Cultura política

Democracia

“A democracia, teve origem na crença de que, sendo os homens iguais sob certo aspecto, o seriam em tudo.”
Aristóteles, filósofo grego

Atenas foi à grande rival de Esparta. Essa cidade-estado da região da Ática ficou célebre por dois aspectos: pela vida cultural e pelo regime político democrático.
O regime político de Atenas era chamado de democracia. Palavra do grego antigo, “democracia” quer dizer mais ou menos “Poder de Deus”.
O regime democrático ateniense foi uma das coisas mais admiráveis criadas pelos gregos. Enquanto outros povos se submetiam aos caprichos de reis ultrapoderosos, em Atenas a decisão pertencia a toda a coletividade de cidadãos.
Agora atenção: A democracia ateniense era uma democracia para poucos. Para começar, os escravos obviamente não tinham direito a voto, e havia milhares de escravos. As mulheres também não podiam votar. Também não votavam os metecos, que eram os “estrangeiros”, ou seja, todos os homens livres que não tinham nascido em Atenas. A democracia ateniense era uma coisa muito bonita, mas restrita a uma minoria.
Todavia, tem que se reconhecer que a liberdade e a democracia em Atenas contribuíram bastante para o esplendor cultural da cidade. Atenas foi à cidade dos arquitetos, dos escultores, dos autores de teatro e poetas, dos grandes filósofos.

Referências:- Diccionario de Citas – C. Goicoechea/Labor - Nova História Crítica – Mário Schmidt

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Fé e caridade

Antonio Frederico Ozanam

Graças a Antonio Queiroz fiquei conhecendo a figura admirável de Ozanam e um pouco de sua incomparável obra em favor dos pobres.
Antonio Queiroz foi um cidadão de peregrinas virtudes, um homem honrado, chefe de família exemplar, um homem de muita fé em Deus.
Ozanam - Antonio Frederico Ozanam - foi o fundador da Sociedade de São Vicente de Paulo. Foi também um dos maiores de seu tempo, tanto na cátedra de Literatura Estrangeira da Sorbonne, como nas barras do tribunal de Lyon. Aconselhava Ozanam, para a Sociedade Vicentina, o trabalho sem a preocupação de aparecer. Jovem ainda (13 anos) venceu a primeira crise intelectual e decidiu dedicar-se aos estudos da Religião. Abraçou a causa vicentina advertindo alguns e a todos recomendando a santificação, tal como ele próprio era levado a fazer, pondo sinceramente seus desejos sob os auspícios da Mãe Celeste. Nasceu em 23 de abril de 1813, na cidade de Milão, sendo o 5º filho de João Antonio Ozanam e Maria Nantas. Freqüentou o Colégio Real de Lion. Nesse ambiente, Noirot influiu intensamente na sua formação. Aos 17 anos esteve pela primeira vez em Paris, para estudar Direito na Sorbonne. Conheceu, então, o sábio Ampére, entrando em contacto com Lamartine, Chateaubriand e Ballanche. Estreitando laços de amizade com Lallier e Lamache formaram um grupo de moços que na Sorbone viria batalhar em defesa da Fé Católica. Com os amigos organizou, a fim de melhor se prepararem para a luta, uma série de conferências sobre Filosofia da História,convidando Gerbet para realizá-la. Para que também os não-católicos pudessem conhecer o Credo Católico, imaginou organizar reuniões com liberdade de exposição de idéias e de discussão, sob a presidencia de um juri para decidir sobre a vitória dos disputantes e, assim,adere à Conferência de História sob a orientação de Joseph Emmanuel Bailly. Posteriormente, pela crítica de seus próprios frequentadores, transformou-se a Conferência de História na Conferência de Ciaridade. Bailly, diretor da Tribune Catholique, é, então, escolhido conselheiro do movimento. Ozanam, vai a Itália e visita Milão, Assis, Bolonha, Florença e Roma. Léon Le Prévost, um dos companheiros de Ozanam, em 1834, sugeriu a adoção do patrocínio de São Vicente de Paulo e o nome de Conferência de São Vicente de Paulo. Por proposta de Ozanam, é invocada a proteção de Nossa Senhora para a Conferência e escolhido uma de suas festas (8 de dezembro) para que a Rainha do Céu seja especialmente honrada. Voltando a Paris para preparar a tese de doutoramento em Direito, pleiteou com outros companheiros, do Arcebispo de Paris, Mons. Quélen, a realização das conferências para estudantes em Notre Dame. Mais de cinco mil pessoas estiveram presentes na Catedral de Notre Dame vibrando com a palavra de Lacordaire. Importante e decisiva foi a participação de Ozanam para tão grande êxito. Defendendo tese na Sorbonne conquistou o título de Doutor em Direito. Com a tese sobre A Divina Comédia e a Filosofia de Dante Alighieri conquistou o título de Doutor em Letras pela Sorbonne. Foi, sucessivamente, Professor de Direito Comercial, em Lyon, e suplente da cadeira de Literatura Estrangeira da Sorbonne que conquistou defendendo a tese oral História dos Eclesiásticos Gregos e Latinos, deixando, então, definitivamente Lyon. No seu magistério na Sorbonne, Ozanam, desenvolveu em suas aulas os temas: Os Germanos antes do Cristianismo, o Cristianismo junto aos Francos, O Sacro Romano Império, os Niebelunge. Em 1844 é emposado na cátedra de Literatura Estrangeira na Sorbonne, sucedendo a Fauriel. Em viagem na Itália colheu material para a obra Os Poetas Franciscanos na Itália no Século XIII Século. Na Sorbonne desenvolveu estudos sobre a Civilização Cristã no V Século e a Origem da Civilização junto aos Germanos. Iniciou a obra A História da Civilização nos tempos barbáros, chegando a compor os volumes: Os Germânicos antes do Cristianismo e Cristianismo junto aos Francos, que apareceram em 1849. O 3º volume História da Civilização Cristã no V Século veio a luz em 1856, após a sua morte que ocorreu aos 40 anos, em Marselha, aos 8 dias do mês de setembro do ano de 1853.
Em agosto de 1997 Ozanam foi beatificado pelo Papa João Paulo II.
Poucos, bem poucos, são os leigos levados aos altares.
Adotou no trabalho de criação da Sociedade de São Vicente de Paulo o preceito “IL FAUT ENLACER LA FRANCE DANS UN RÉSEAU DE CHARITÉ”” tornando-o uma regra universal.