Homenagens
Edward Leão teve uma vida curta. Nasceu em 1898 e faleceu em 1956. Personalidade fascinante, causeur admirável, orador brilhante, conferencista dos mais cultos, historiador, professor emérito, jornalista, músico; um intelectual completo. Como costuma acontecer com tantos valores no País a sua vasta obra se perdeu nas publicações na imprensa interiorana, de Minas e de outros estados.
Divulgou alguns de seus versos nos livros “Alma Errante”, editado em 1932, e “Tapera Ensolarada”, em 1955, este pouco tempo antes de seu falecimento.
Na coluna “Poetas Mineiros”, na “Folha de Minas”, de Belo Horizonte, “Tapera Ensolarada” mereceu do crítico responsável os seguintes comentários: “EDWARD LEÃO - Nasceu em 26 de abril de 1898, em Tocantins, Minas Gerais. Desde a adolescência manifestou pendores literários, que vieram a se concretizar aos vinte anos, com a publicação da plaquete de versos “Alma Errante”, dedicado a Mário Mendes Campos, conterrâneo e amigo inseparável do poeta. Autodidata, dedicou-se ao magistério, e, depois de lecionar em cursos particulares, dirigiu e ministrou aulas, até sua morte, no Ginásio São Sebastião, de Raul Soares. Sua produção literária encontra-se esparsa em publicações da Zona da Mata, onde se fez famoso como orador primoroso. Faleceu em Belo Horizonte, onde foi sepultado, em 9 de agosto de 1956. Nos últimos tempos de vida, surgiu com a plaquete intitulada “Tapera Ensolarada”.
O poeta Gonçalves da Costa, grande amigo e admirador de Edward Leão, certa vez afirmou que a obra dele “há de ficar na nossa lembrança e constituirá um dos maiores acervos da cultura e sensibilidade desta terra. Dotado de cultura geral, tinha uma expressão fácil, copiosa e envolvente. Se entrávamos às apalpadelas num assunto qualquer, ele, notando logo tal situação, modestamente, e com habilidade, se esgueirava até atingir o assunto, dominava-o, dissecava-o até ao âmago.”
Dilermando Rocha, o mais festejado poeta e escritor raul – soarense dos tempos modernos, não se esqueceu do velho mestre escrevendo no seu livro “Irmão Preto”, 2ª edição, João Scortecci Editora, 1995, página 61:
ÁRABE ERRANTE
A Edward Leão
Por essa vida, um áspero deserto,
passam as caravanas de ilusões;
vão avançando, sem destino certo,
buscando oásis dentro de visões.
Tantas vezes me dão um clima aberto
com outra vida, sem as privações,
mas lá eu sofro, pois me sinto incerto
entre falsos amigos e traições.
Sempre quis ser - somente - árabe errante
no meu chão agreste e fiel amante
do simum, do siroco e nas paisagens
deixe-me seguir: quero tanto o pouco
de poesia que há em tudo. (Louco?)
Nunca tente, jamais, matar miragens.
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