Comentário
A noite é um momento de pausa e de meditação. E de muitos e insondáveis mistérios. Os fantasmas se libertam e soberanos ocupam os seus espaços. “Trevas por toda parte, dentro e fora da alma noturna do infeliz que chora. Mas, no negrume dessa imensidade, há sempre uma ilusão de claridade – resto de luz das últimas estrelas - “
A magia da noite inspirou o poeta e assim nasceu “Noturno”.
JGL
NOTURNO
Dentro da noite cheia de pavores,
Perpassam arrepios e lamentos :
É a serenata trágica dos ventos
na bárbara expressão das grandes dores . . .
Nos recônditos mundos interiores,
onde negrejam sombras e tormentos,
há fanfarras de estranhos instrumentos,
gemendo e uivando em tétricos clangores . . .
Trevas por toda parte, dentro e fora
da alma noturna do infeliz que chora
- trevas sinistras, gêmeas, paralelas -
mas, no negrume dessa imensidade,
há sempre uma ilusão de claridade
- resto de luz das últimas estrelas -
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
Tributo á memória do mestre Edward Leão
Comentário
Em “Lágrimas” o poeta vislumbra em cada gota o brilho de uma esperança. Num tempo em que as lágrimas era quase que um privilégio feminino o mestre diz: “ Lágrimas ? Verto-as . . . verto-as e, no entanto, sou homem - pobre filho da desgraça - “
JGL
LÁGRIMAS
Lágrimas ? Verto-as . . . verto-as e, no entanto,
sou homem - pobre filho da desgraça -
e quem no mundo existirá que passa
sem ver correr a linfa do seu pranto ?
Ninguém. Por isso eu choro. A negra massa
que forma a nuvem não se extingue enquanto
não descarrega do enfunado manto
aa água que cai em flocos de fumaça.
Choro e sou homem. Quem, dirá que um homem,
sejam quaisquer as mágoas que o consomem,
volte aos papéis ingênuos de criança !
Mas, a lágrima às vezes me consola.
E em cada gotas que na face rola
vejo outra vez brilhar uma esperança.
Em “Lágrimas” o poeta vislumbra em cada gota o brilho de uma esperança. Num tempo em que as lágrimas era quase que um privilégio feminino o mestre diz: “ Lágrimas ? Verto-as . . . verto-as e, no entanto, sou homem - pobre filho da desgraça - “
JGL
LÁGRIMAS
Lágrimas ? Verto-as . . . verto-as e, no entanto,
sou homem - pobre filho da desgraça -
e quem no mundo existirá que passa
sem ver correr a linfa do seu pranto ?
Ninguém. Por isso eu choro. A negra massa
que forma a nuvem não se extingue enquanto
não descarrega do enfunado manto
aa água que cai em flocos de fumaça.
Choro e sou homem. Quem, dirá que um homem,
sejam quaisquer as mágoas que o consomem,
volte aos papéis ingênuos de criança !
Mas, a lágrima às vezes me consola.
E em cada gotas que na face rola
vejo outra vez brilhar uma esperança.
sábado, 13 de setembro de 2008
Tributo á memória do mestre Edward Leão
Comentário
No soneto “CREDO” o poeta faz a apologia do Bem, da Virtude e reconhece a existência de um Deus, “um Soberano, que empresta sempre um sonho à juventude e uma esperança em flor ao desengano.” O afeto humano e o Amor, torna o mundo sempre mais risonho, proclama o poeta.
JGL
CREDO
Creio no Bem e creio na Virtude.
Creio que existe um Deus, um Soberano,
que empresta sempre um sonho à juventude
e uma esperança em flor ao desengano.
Creio que o Bem existe e, embora estude
do Mal, da Hipocrisia o eterno arcano,
jamais descrente conservar-me pude
ante a grandeza de um afeto humano.
Creio no Amor . . . no amor das almas puras,
no grande amor que empolga as criaturas
e torna o mundo sempre mais risonho.
Creio que o mundo é bom e, na verdade,
quem faz o bem acreditar não há de
que o Bem na terra seja sempre um sonho !
No soneto “CREDO” o poeta faz a apologia do Bem, da Virtude e reconhece a existência de um Deus, “um Soberano, que empresta sempre um sonho à juventude e uma esperança em flor ao desengano.” O afeto humano e o Amor, torna o mundo sempre mais risonho, proclama o poeta.
JGL
CREDO
Creio no Bem e creio na Virtude.
Creio que existe um Deus, um Soberano,
que empresta sempre um sonho à juventude
e uma esperança em flor ao desengano.
Creio que o Bem existe e, embora estude
do Mal, da Hipocrisia o eterno arcano,
jamais descrente conservar-me pude
ante a grandeza de um afeto humano.
Creio no Amor . . . no amor das almas puras,
no grande amor que empolga as criaturas
e torna o mundo sempre mais risonho.
Creio que o mundo é bom e, na verdade,
quem faz o bem acreditar não há de
que o Bem na terra seja sempre um sonho !
sexta-feira, 5 de setembro de 2008
Tributo á memória do mestre Edward Leão
Comentário
“Vida Dolorosa” conta uma vida sofrida na qual o destino alterna, em crises de delírio, um duplo papel de arcanjo e de sicário. Paladar de abutre, cuja felicidade se nutre na chaga luminosa, astral do seu tormento.
JGL
VIDA DOLOROSA
A minha vida é um belo, esplêndido martírio,
risonha sucessão de cruzes num calvário,
gotas de sangue e suor nas pétalas de um lírio,
clarão de apoteose em fúnebre cenário . . .
Como se fosse um rei, um soberano assírio,
Sardanapalo (1) alegre e sanguinário,
o meu destino alterna, em crises de delírio,
o seu duplo papel de arcanjo e de sicário . . .
Nas transfigurações constantes desta vida,
Sinto-me mais feliz com a alma dolorida,
em pranto, a soluçar, no longo sofrimento . . .
E, como se tivesse o paladar do abutre,
minha felicidade esdrúxula se nutre
na chaga luminosa, astral, do meu tormento.
(1) - Sardanapalo - personagem lendária, que a tradição clássica faz rei da Assíria de 836 a 817 a. J.C. e último descendente da fabulosa Semiramis (rainha lendária da Assíria e de Babilônia, a quem é atribuída a fundação dos jardins suspensos e que excedeu em glória o próprio rei, seu marido). Sardanapalo é o tipo do príncipe devasso, covarde, efeminando, mas esse tipo nada tem de autêntico.
“Vida Dolorosa” conta uma vida sofrida na qual o destino alterna, em crises de delírio, um duplo papel de arcanjo e de sicário. Paladar de abutre, cuja felicidade se nutre na chaga luminosa, astral do seu tormento.
JGL
VIDA DOLOROSA
A minha vida é um belo, esplêndido martírio,
risonha sucessão de cruzes num calvário,
gotas de sangue e suor nas pétalas de um lírio,
clarão de apoteose em fúnebre cenário . . .
Como se fosse um rei, um soberano assírio,
Sardanapalo (1) alegre e sanguinário,
o meu destino alterna, em crises de delírio,
o seu duplo papel de arcanjo e de sicário . . .
Nas transfigurações constantes desta vida,
Sinto-me mais feliz com a alma dolorida,
em pranto, a soluçar, no longo sofrimento . . .
E, como se tivesse o paladar do abutre,
minha felicidade esdrúxula se nutre
na chaga luminosa, astral, do meu tormento.
(1) - Sardanapalo - personagem lendária, que a tradição clássica faz rei da Assíria de 836 a 817 a. J.C. e último descendente da fabulosa Semiramis (rainha lendária da Assíria e de Babilônia, a quem é atribuída a fundação dos jardins suspensos e que excedeu em glória o próprio rei, seu marido). Sardanapalo é o tipo do príncipe devasso, covarde, efeminando, mas esse tipo nada tem de autêntico.
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