sábado, 12 de abril de 2008

Tributo á memória do mestre Edward Leão

Comentário

A alma do poeta é como quê um mar revolto. As ondas se sobrepõem e furiosamente ocupam todos os espaços ensejando ativa participação de todos os seres vivos no grandioso espetáculo da existência humana no Grande Teatro do Universo. As dúvidas de um Ser Superior se acumulam levando a um infindável número de indagações - profundas muitas, pueris outras -, à busca ansiosa da verdade o mais agradável dos sons, na lição do filosofo grego Pláton, e da libertação total.
Em “Alma Exilada” o Prof. Edward Leão se expressa de forma tal que sentimo-nos como que co-autores do inspirado poema que nos deixou.

JGL


ALMA EXILADA

Por que esse tédio, essa amargura
que envolve a alma da gente ?
- Por que essa dor, essa agonia ingente
que fere e que tortura ?

Por que ter dentro da alma esse deserto
como um vácuo infinito ?
Por que esse caminhar ambíguo, incerto,
trôpego, de precito ?

Ó que enfadonho e mórbido cansaço
e que fadiga atroz !
Vendo o destino a se esfumar no espaço
sempre a correr de nós !

E as multidões passando sobre a Terra
- Tropel de nuvens no ar -
tudo que a natureza eterna encera
a gemer e a cantar.

A vida aos turbilhões palpita e estua
fora da minha vida.
E eu a pensar que a Terra é morta e nua
e eu não tenho guarida.

Ouço o rumor de muitas vozes, longe,
num círculo distante . . .
mas vivo enclausurado como um monge
tímido e hesitante.

A humanidade move-se apressada
num redemoinho louco.
Mas, longe . . . e a minha vista está cansada
e alcança muito pouco.

Sinto-me só, desprotegido e inerme,
ante o tédio invasor.
Sinto o hálito do mundo na epiderme
e esse frio interior !

Minha alma é pobre pássaro perdido
- Ave de arribação –
que voa sob um céu desconhecido,
sozinho na amplidão . . .

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