Comentário
Em “Procelas” o poeta bosqueja a sensação de alguém arremetido a esmo, em desvario, dançando ao som de uma flauta bárbara, comparando-o a um náufrago, subjugado pelo mar colérico e selvagem.
O destino de todo ser humano tem muito de comum ao quadro que, com requinte, está explícito nas palavras do mestre Edward Leão.
JGL
PROCELAS
O mar bramindo, o mar uivando, o mar
colérico a espumar como um demente
arroja o náufrago ora para a frente
ora para o outro lado a praguejar.
É um felino titânico a gozar
o suplício da vítima impotente:
quer espremer-lhe a vida lentamente,
aniquilando-a, aos poucos, devagar . . .
Também o meu destino é como o oceano:
brinca comigo num delírio insano,
com crueldades torvas de felino.
Arremessado a esmo, em desvarios,
eu danço nesta vida aos sons bravios
da flauta bárbara do meu destino.
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