sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Tributo á memória do mestre Edward Leão

Comentário

Uma tapera abandonada despertou a atenção e aflorou o poder de criação do poeta. Isso é próprio dos privilegiados, cultores das coisas do espírito, cuja sensibilidade e poder de sentir e observar lhes dá condições de deixar marcas ad – aeternum na sua passagem pelo Planeta Terra.
Na visão do poeta a tapera abandonada, mergulhada num silêncio de morte e ruínas, ressuscita à luz do sol miraculoso.

JGL


TAPERA ENSOLARADA


Há um silêncio de morte nas ruínas
desta velha tapera abandonada;
nem os ecos de antigas cavatinas,
nem a mais leve ressonância . . . nada.


Suavidades de mágicas surdinas
diluídas na paisagem desolada . . .
gorjeios de gargantas argentinas
dormem no abismo da última alvorada.


Sobre o fúnebre manto do abandono
passam asas vampíricas de sono,
adejam sombras lúgubres de agouro . . .


Mas, vem o sol. Milagre que se opera :
Ressuscita o cadáver da tapera,
Põe-se a dançar amortalhado em ouro.

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