sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Tributo á memória do mestre Edward Leão

Comentário

Na compilação da obra de Edward Leão não foi possível obedecer uma cronologia; nem tampouco pode ser considerada completa. . . É o que mais lamentamos. . .
A leitura atenta do poeta oferece algumas pistas para se situar o tempo em que foi escrita a sua obra: mocidade, maturidade e velhice.
Pareceu-nos, e este é o motivo desta coluna, que o JORNAL DE RAUL SOARES seria o repositório ideal para se preservar e guardar para a posteridade a parte da obra do mestre que conseguimos alcançar em nossas pesquisas.
Jonathan, responsável pelo jornal, tem demonstrado preocupação com a cultura e com a história de Raul Soares.
Mantém ordenadamente arquivados os jornis, desde o primeiro, a partir da Folha de Raul Soares.
São mais de vinte anos da história municipal. Isso é elogiável, num tempo em que alguns demonstram pouco apreço ao que se passou em que pese ser “o passado a única coisa morta que tem um cheiro agradável”, como o disse Edward Thomas em Early one morning.
Nenhum dos jornais publicados em Raul Soares, em todos os tempos - e posso garantir que não foram poucos - deixaram tal acervo.
Finalizamos a coletânea de Edward Leão com o soneto “Riqueza”.
A riqueza do poeta não se confunde com um amontoado de ouro ou de bens materiais de outra espécie. É um sonho:- O céu com seu teto iluminado. Palácio esplêndido, encantado, onde se brinca como criança.

JGL


RIQUEZA


Sou pobre, roto, esquálido mendigo,
sozinho, incompreendido, escorraçado . . .
corpo sem teto e alma sem abrigo
- raro exemplar de um clã desbaratado.

Venho talvez de um tempo muito antigo,
de uma era longínqua do passado.
Sinto que o mundo nada quer comigo
Ee a minha vida á de um desajustado.

Mas, em noites de insônia e de tormento,
ás vezes ponho o olhar no firmamento
á procura de luz e de esperança.

E sonho : - 0 céu é o teto iluminado
do meu palácio esplêndido, encantado,
onde posso brincar como criança . . .

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