Comentário
Bom filho, extremado chefe de família, o mestre em versos inspirados homenageou o pai, em “ALTIVEZ”; à esposa e os filhos, em “BODAS DE PRATA” e os netos em “A MEUS NETOS”. Dificilmente o leitor sensível às coisas simples e importantes da vida deixará de se emocionar com a leitura destes poemas.
JGL
ALTIVEZ
( A meu pai )
Sinto da hostilidade a fera sanha
tolher-me o passo em meio do caminho
em vão o róseo ideal que me acompanha
tenta da estrada desfazer o espinho.
Da humanidade irônica, tamanha,
um riso mau, sarcástico, mesquinho:
Eis o meu companheiro na campanha
rude da vida que travei sozinho.
Mas seguirei impávido, solene,
calcando a inveja cancerosa, infrene,
que em baixo de meus pés formou seu leito.
E deste mundo o estúpido barulho
jamais há de abater o meu orgulho
- única flama que me escalda o peito –
- ## -
BODAS DE PRATA
(A minha esposa )
Parece que foi ontem e, no entanto,
já vinte e cinco anos se passaram
desde que as nossas vidas se enlaçaram
num só destino afortunado e santo.
Num revezar de risos e de pranto,
tristezas e alegrias se alternaram.
E nossos filhos, um a um, chegaram,
enchendo a casa de celeste encanto . . .
De nossas lutas as vitórias todas
se resumem apenas nestas bodas,
na expressão emotiva desta data.
Mas, minha amiga, em nossa fronte agora
fulgem clarões de gloriosa aurora
no esplendor dos cabelos cor de prata.
- ##-
A meus netos
Quando meus netos estiverem grandes
e a morte me afastar do seu convívio,
talvez um deles se interesse um pouco
por cousas velhas e papéis inúteis,
e abra este livro, então. Rir-se-á talvez . . .
mas é possível que em sua alma ecoem
atávicas ressonâncias . . .
e estes retalhos lívidos de sonho,
na paisagem nevoenta da saudade,
talvez palpitem cheios de ternura
no trêmulo murmúrio de uma benção.
E teremos, então, vencido o tempo e a morte
e cantaremos como dois irmãos . . .
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