Comentário
A leitura do soneto “Velha Estrada” faz-nos acreditar ter o mestre o composto em um momento de melancolia, desilusão e decepção. Ou, quem sabe, trata-se de meras imagens poéticas? “ Minha alma é velha estrada esburacada cheia de sulcos longos e profundos.” Lamenta que “nem o tropel dos sonhos vagabundos” já não está presente nessa estrada como ocorria em “ tempos idos, prósperos, fecundos”. É o que costuma acontecer às pessoas.
Reconhece que “há uma vegetação que sempre nasce sobre os caminhos velhos, esquecidos, para cobrir-lhe a hedionda face”. Concluindo, quão triste é a uma alma assim se expor, “de escombros nus, patentes e despidos, na exaltação inglória da vergonha.”
JGL
VELHA ESTRADA
Minha alma é velha estrada esburacada,
cheia de sulcos longos e profundos,
- caminho que conduz a ignotos mundos
perdidos na distância ilimitada -
alma deserta e só . . . silêncio e nada . . .
nem o tropel dos sonhos vagabundos
que em tempos idos, prósperos, fecundos,
galopavam garbosos nessa estrada . . .
Há uma vegetação que sempre nasce
sobre os caminhos velhos, esquecidos,
para cobrir-lhe a hedionda face.
Mas, é triste que uma alma assim se exponha,
de escombros nus, patentes e despidos,
na exaltação inglória da vergonha .
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