Vivere est cogitare ( viver é pensar )
(Cícero (filosofo, estadista e orador romano)
Comentário
Um velho barco . . . as águas de um rio (talvez um dos nossos: o Matipó ou o Santana) , compõem o quadro delineado pelo poeta na criação de “O BARCO”.
E na fantasia do poeta o barco tem uma quase-vida, singrando a água “em coleios de fauno voluptuoso”, beijando-a e provocando um frêmito nervoso e arrepios na sua “epiderme alvinitente”. Parece feliz, sem dor, sem mágoa, sobre um destino plácido e sereno. E o remador, impregnado de uma sensação estranha, vê o céu refletido na água e dentro de si o paraíso.
JGL
O BARCO
Velho cisne, sonâmbulo, dormente,
embalado, num sonho delicioso,
lá vai o barco, vagarosamente,
em coleios de fauno voluptuoso.
E beija e lambe o dorso reluzente
da água do rio. Um frêmito nervoso
Arrepia a epiderme alvinitente
do rio langue em êxtase amoroso.
E o barco tosco, rústico, pequeno,
parece um ser feliz, sem dor, sem mágoa,
sobre um destino plácido e sereno.
E o remador lá vai remando a esmo,
tendo a visão do céu lá dentro da água
e o paraíso dentro de si mesmo.
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