quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Ícones da Igreja de Pedro

EXEMPLOS DE VIDA


A Editora Publicações de Ouro, do Rio de Janeiro, organizou uma primorosa coleção de livros sob o título Clássicos de Ouro Ilustrados. Na coleção temos entre outros os seguintes: História da Morte no Ocidente, de Philippe Aries, abordando o comportamento humano diante da morte na sociedade cristã, sob o ponto de vista histórico e sociológico, abrangendo o período que vem desde a Idade Média até os nossos dias; História, que num único volume nos traz as nove Histórias de Herédoto, abrange os dois séculos que precedem guerras e contam os principais episódios do conflito greco-persa, dando destaque as vitórias gregas.; Alexandre e César, de Plutarco, que através do confronto estabelece semelhanças e diferenças entre os heróis gregos e romanos, iguais em valor, que no império coexistiam em dois mundos, duas culturas, com tradições, valores e mitos distintos; de Tolstoi foi publicado O que é Arte?, com muitas ilustrações, uma obra polêmica, na qual o autor expõe suas idéias e pensamentos.
O preâmbulo se justifica para uma abordagem da obra de G.K. Chesterton sobre São Francisco de Assis, a espiritualidade da paz e São Tomás de Aquino, as complexidades da razão.
São Francisco era um homenzinho físicamente frágil e ativo, magro como um barbante e vibrante como a corda de um arco, e, em seus movimentos, parecia uma flecha saindo do arco. Toda a sua vida foi uma série de saltos e carreiras: disparar atrás de um mendigo; ir depressa, despido para a floresta; entrar escondido no navio desconhecido, aparecer de repente na tenda do sultão e oferecer-se para se jogar no fogo. Em termos de aparência, ele deve ter sido como uma folha outonal esquelética e fina, amarronzada, dançando eternamente no vento, mas a verdade é que ele era o próprio vento.
São Tomás era um homem imenso e bem sólido, gordo, lento e de gestos controlados; muito amável e magnânimo, mas não muito sociável; tímido, mesmo se ignorarmos a humildade do santo; e distraído, mesmo sem levar em conta suas casuais, e cuidadosamente escondidas, experiências de êxtase ou de transe. São Francisco era tão agitado e até irrequieto que os eclesiásticos diante dos quais ele de repente aparecia julgavam-no louco. São Tomás controlava tanto suas emoções que os professores da escola que ele freqüentou regularmente o julgaram tolo. Na verdade, ele era o tio do aluno, não incomum, que preferia ser um tolo a ter seus sonhos pessoais invadidos por tolos mais ativos ou animados. Esse contraste externo alcança quase todos os aspectos dessas duas personalidades. O paradoxal em São Francisco era que, não obstante sua paixão por poema, desconfiava bastante dos livros. O que havia de notável a respeito de São Tomás era sua adoração pelos livros, sua vida dedicada aos livros. Ele levou exatamente a vida do estudioso de Os Contos de Cantuária, de Geoffrei Chaucer, que preferia ter mil livros de Aristóteles, e sua filosofia, do que qualquer riqueza que o mundo pudesse lhe dar. Quando lhe perguntaram o que mais tinha a agradecer a Deus, ele respondeu simplesmente: “Entendi todas as páginas que li”.

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