segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Deus e o destino do homem

Santo Agostinho



A forma inconseqüente e insana de agir na sociedade moderna, trouxe-me à mente a figura de Santo Agostinho. O grande pensador teológico, comparou o dinheiro mal usado como excremento do demônio.
Não é isso o que estamos, com muita tristeza, testemunhando em nossos dias, como comportamento político, social e familiar? Pouco, ou quase nada, se faz por amor. Espera-se sempre uma vantagem material. É esquecida a lição de Chamfort: “amour, folie aimable; ambition, sottise sérieuse (o amor é uma loucura simpática; a ambição, uma séria insanidade).
Livros de qualidade incontestável como a notável Grande Enciclopédia da Larousse Cultural, Lello Universal, Séguier, registram que Santo Agostinho, doutor da igreja latina (Tagasta, hoje Souq – Ahras, Argélia, 354 – Hipona, Numídia, 430), romano da África, permaneceu muito tempo alheio à igreja, embora fosse filho de Santa Mônica, buscando nos prazeres carnais e nas seduções de maniqueismo uma resposta à sua inquietude. Sob a influência do bispo Ambrósio, em Milão, converteu-se, sendo batizado em 387. Voltando a África, se desfez de seus bens para promover, com alguns companheiros, uma forma de vida cenobítica, experiência que manteve como bispo e que lhe permitiu elaborar, para uso dos religiosos, aquela que seria chamada a regra de Santo Agostinho. Ordenado padre, depois eleito bispo de Hipona (396), cidade onde morreu durante o cerco dos vândalos. Agostinho exerceu papel preponderante na Igreja do Ocidente. É imensa a sua obra escrita, destacando-se A Cidade de Deus (413-427). As Confissões (397), o tratado Da Graça e sua correspondência pessoal. Adversário das doutrinas heterodoxas (maniqueismo, donatismo, pelagianismo, etc.), Agostinho foi um pregador incansável (mais de 400 sermões) e ao mesmo tempo exegeta e teólogo. Seu pensamento está centrado em dois pontos essenciais: Deus e o destino do homem. Os grandes temas agostinianos (conhecimento e amor, memória e presença, sabedoria) dominaram a teologia ocidental até a escolástica tomistica. É festejado em 28 de agosto. No século VII, com fundamento em suas pregações, foi fundada a Ordem dos Agostinhos, de religiosos mendicantes, e que o papa IV reuniu em 1256 numa única corporação. Os frades Agostinhos tiveram muitos seminários em Portugal e Ultramar.
Uma passagem de São Paulo - não passeis a vossa vida nos festins e nos prazeres da mesa . . . mas inspirai-vos em vosso Senhor Jesus Cristo e evitai satisfazer os desejos desregrados da carne - teria levado Agostinho a abandonar a vida de dissipação que levava.
O competente jornalista José Bento Teixeira de Salles na sua coluna História do Dia, publicada no jornal Estado de Minas, de Belo Horizonte (MG), sob o título Insondável Mistério relata-nos: “Certa vez, o sábio cristão (referia-se a Santo Agostinho) andava pela praia, meditando sobre a extraordinária grandeza do mistério da Santíssima Trindade. Como entender, na lição dogmática da Igreja, que o sondável mistério da trina unidade se resume na simplicidade da frase singela que aprendemos no Catecismo: ‘Três pessoas distintas em uma só verdadeira?’. Entregue a suas meditações sublimes, o Bispo de Hipona vê um garoto agachado, fazendo um buraquinho na areia da praia. Detendo-se, Santo Agostinho pergunta-lhe por que razão ele estava fazendo aquele buraco.
Candidamente, o menino responde:
- Para ver se consigo por toda a água do mar neste buraco.
O Santo retrucou:
- Fazer isso é mais facil que entender o mistério da Santíssima Trindade.”

Pérolas de Santo Agostinho sobre o comportamento humano

* O pior dos homens é aquele que, sendo hipócrita, quer passar por bom; sendo infame, fala de virtude e de pundonor.
* A verdade é doce e amarga. Quando é doce, perdoa; quando é amarga, cura.
* Unidade nas coisas necessárias, nas duvidosas liberdade, e caridade em todas.
* Com caridade o pobre é rico; sem caridade o rico é pobre.
* Humano é errar; perseverar voluntariamente no erro é diabólico.
*É muito mais importante aprender-se coisas úteis do que coisas admiráveis.
* Creio porque é absurdo.
* A simulação de humildade é soberbia.
* Desconhecer o mal nem sempre é um mal.
* Quando oramos, falamos com Deus. Quando lemos, é Deus quem fala conosco.
* O que sobra aos ricos é patrimônio dos pobres.
* O mau é um malfeitor de si mesmo.
* A busca ansiosa por novidades leva o homem a extremas angustias.
* A vida feliz não pode ser outra que a eterna, onde não há muitos dias felizes, senão um só.
* A virtude é a arte de viver bem e com retidão.
* Nada está tanto em nosso poder como a nossa vontade.

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