quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Lições de Vida

Amizade


Personagens: Dionysio o Moço, tirano de Siracusa, cidade da Sicilia, Itália, filho e sucessor de Dionysio o Antigo, em 368 a. J.C.
Damão e Pythias, filósofos pitagóricos, célebres pela amizade, que os unia.

O fato

Tendo Pythias, condenado à morte, pedido ao tirano Dionysio lhe concedesse algum tempo para arranjar os seus negócios, ofereceu-se Damão para morrer em lugar do seu amigo, se este não estivesse de volta no momento fixado. Chegou a hora do suplício e Damão ia ser executado, quando Pythias se apresentou. Dionysio, comovido de tamanha dedicação, perdoou o condenado e pediu, mas em vão, aos dois filósofos, que o admitissem como terceiro na sua amizade.

Um tema para reflexão

Amizade é um tema realmente muito interessante para reflexão e debate, ao estilo dos gregos da era de Sócrates, Platão, Aristóteles, Glauco e Adimanto, estes, irmãos mais velhos de Platão . . .
Cícero tratou do assunto de forma magistral em sua obra De amicitis. Fala-nos que “O primeiro princípio da amizade, é pedir aos amigos só o honesto, e só o honesto fazer por eles.” Augusto Comte, em Pensées et précepts, afirma que: “Só os bons sentimentos podem unir-nos; o interesse jamais forjou amizades duradouras.” Fedro, em Fábulas adverte que: “O nome de amigo é corrente, porém a fé na amizade, rara.”
Nas mais diversas atividades humanas deparamos com exemplos edificantes da mais sólida amizade e do bem querer.
Na vida pública mineira um exemplo temos na amizade que uniu Milton Campos e Pedro Aleixo; entre os escritores, Fernando Sabino (1923-2004), Otto Lara Resende (1922-1992), Hélio Pellegrino (1924-1988) e Paulo Mendes Campos (1922-1991), que se intitulavam “os cavaleiros do apocalipse”, amizade essa perenizada em estátuas inauguradas em 11 de outubro de 2005, pelo governador Aécio Neves, em Belo Horizonte, na Praça da Liberdade; em Raul Soares, um forte exemplo de amizade uniu Gerardo Grossi e Wilson Damião.
A sinceridade é o principal elemento de uma verdadeira amizade.
Chamfort, em Maximes et pensées, afirma que “em grandes coisas os homens se mostram como lhes é conveniente mostrarem-se; nas pequenas se mostram como verdadeiramente são.”
Um desvio de conduta que impossibilita uma verdadeira amizade é a dissimulação.
Homero, na sua monumental obra Íliada, declara sem meios termos ser “odioso, como a porta do inferno, aquele que guarda em seu coração uma coisa e diz outra.” Machiavelli, de Florença, que foi ao mesmo tempo um grande patriota e um grande escritor, no seu livro Príncipe, uma de suas obras mais conhecidas, registra com muito vigor: “todos vêm o que tu aparentas; poucos notam o que tu és.”
No livro dos livros – A Bíblia Sagrada – interessantes e fortes conceitos estão presentes em alguns momentos, como em Mateus, cap. 10, versículo 36: “Et inimici eius demestici eius” (Em suma: os inimigos do homem serão os seus próprios familiares). Justifica-se, assim, o ocorrido na família de Isaac e Rebeca, quando por um prato de lentilhas, Esaú, a quem a Bíblia faz o pai dos Edomitas, vendeu ao irmão gêmeo Jacó, os seus direitos de primogenitura?
Que inspiração o fato trouxe a Machado de Assis para produzir uma das suas mais belas criações literárias ! . . . Na versão de Machado de Assis, Pedro e Paulo são os nomes dos gêmeos.

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