Devemos à gentileza da Profª. Idalina Lana de Abreu Rios, a poetisa INFOLA autora do livro “Reminiscências”, a página “O Peregrino”, publicada por Gonçalves da Costa no “Jornal do Povo” de Ponte Nova.
JGL
O PEREGRINO
Meio dia. Sol em pleno azul! A luz, caindo dos espaços, distende-se, amplia-se, abraçando vales e cordilheiras . . . Há músicas no céu, músicas na terra, músicas nas almas !
O Peregrino, exausto, no cimo de uma aclive, tendo avistado perto a cidade que fremia ao sol, havia parado um pouco, a fim de recobrar novo alento para lá chegar . . .
A poucos passos se erguia uma árvore frondosa, cuja sombra, como dois braços estendidos, parecia convidá-lo a descansar. E o Peregrino encaminhou-se para ela, gemendo, e, na sombra, depôs no chão o chapéu e a mala de viagem, seus companheiros de jornada, e assentou-se quase rente ao tronco do vegetal centenário. Como se sentia aliviado agora ! Seus pés latejavam menos, seu coração batia sossegadamente ! Lançou em torno, então, a vista deslumbrada das distâncias . . .
Ao longe, descuidosamente, pastavam os rebanhos, salpicados pela colina verdejante como estrelas no céu, no mistério das noites claras ! Cintilavam ao sol os vultos ásperos dos rochedos distantes, fazendo lembrar faces enrugadas onde aflorassem sorrisos ! Trapos de nuvens corriam pelo azul, como receosas de serem tragadas pela luz ! No bojo da cidade, que se espreguiçava ao sol, máquinas vomitavam fumo, um concerto infernal de vozes se elevava ininterruptamente, a vida tumultuava ! . . .
E o Peregrino se pôs a cismar . . . Viera de tão longe ! Um dia ( como se lembrava ainda! ) partira ao nascer do sol! As suas irmãs foram esconder-se para não vê-lo partir, e a sua saudosa mãe, velhinha, ficara olhando-o, com a alma sangrando, afogada em lágrimas, até vê-lo apagar-se na curva da estrada! Ah ! quanto o fizeram sofrer aquelas lágrimas ! O seu coração também chorava ! . . . A luz do sol nascente lhe era triste como trevas lúgubres, os cânticos dos pássaros lhe pareciam soluços e as flores que marginavam a estrada eram magoadas e dolorosas como as que vira um dia derramadas sobre a tumba do seu saudoso pai ! . . .
Mas ele seguia. O Destino o arrastava. Como fora longa e martirizante aquela primeira noite, que passou distante do lar paterno! Em lugar dos entes queridos, tivera então por companheiros, numa sórdida estalagem onde se recolhera, vários peregrinos andrajosos, leprosos entes abandonados ao léu, sem família e sem pátria, que viviam errantes, espalhando lágrimas e imprecações aos quatro ventos ! Ah ! os seus primeiros companheiros de infortúnio ! Partiram na manhã seguinte, cada qual para seu lado, uns blasfemando, outros murmurando rezas, e nunca mais vira aqueles fantasmas da Desgraça ! . . .
Os dias foram passando. A imagem de sua saudosa mãe, e as de todos os entes que lhe eram caros, aos poucos lhe foram rolando da retina para o coração, onde as conservava guardadas como em um nicho cercado de luzes. Quanto tempo faia já, que partira ! Era então moço e forte, e sentia a farfalhar dentro do peito uma floresta de ilusões ! Mas bem cedo recebera o beijo cáustico das primeiras desventuras ! Quantas vezes, em paragens desertas, extenuado de cansaço, adormecera ao luar, após fazer magoadas confidências às estrelas; e quantas vezes o dia lhe viera encontrar com as vestes e os cabelos úmidos de orvalho !
Por vezes a asa do amor lhe roçara o coração, mas os seus vestígios logo se apagavam, como as estrelas pálidas ` a luz violenta do sol matutino ! Em quantos olhares puros sentira resplandecer, como numa oferta, a centelha de um amor celeste ! ? Quantas camponesas belas, irmãs das fontes ignoradas e das flores selvagens, ficaram soluçosas vendo-o partir, quando ele ao romper da aurora, se despedia das herdades que lhe haviam dado hospedagem ! ?
Às vezes sentia desejo de ali ficar, para uma felicidade que lhe acenava, mas sempre triunfava nele o desejo de seguir . . . Arrastava-o eternamente uma força cega, a Fatalidade !
E quantas vezes, em tardes brandas como bênçãos, atravessara povoados bucólicos e festivos, onde moças e crianças cantavam, instrumentos rústicos derramavam lânguidas no ar - músicas que vertiam melancolia e saudades em seu coração ! Quantas lembranças, umas risonhas, outras dolorosas, lhe perpassavam então pela imaginação, numa sequência de sombras e clarões !
* * *
O dia começava a declinar. Vencido de fadiga, o Peregrino deitou-se, recostado à árvore que o abrigava, e adormeceu. Aves cantavam na ramagem florida, que estremecia . . . E o Peregrino começou a sonhar. A brisa morna roçava-lhe de manso a face, os cabelos, e vinham aos seus ouvidos a música dos pássaros e o soluçar magoado da ramagem ao vento. Súbito sentiu-se ele transportado ao céu, na asa encantadora de um sonho . . .
A sua vista, atônita, sobrenadou num oceano de maravilhas celestes . . . Envolvia-o agora uma aragem m estranha, suave como o poderia ser o respirar dos anjos. Tudo era cânticos e resplendores ! Via perpassarem alas de virgens envoltas em túnicas alvas e radiantes, e seguiam rezando de mãos postas, até se sumirem além em nuvens de fulgores.
E cânticos e músicas celestes embalavam o Peregrino. Súbito sentiu ele ouvir um toque de clarim e supôs se algum anjo que anunciasse a chegada de Jesus Cristo. Ah ! se o visse ! Arrojar-se-ia aos seus divinos pés, como o fizera um dia na terra a pecadora arrependida . . .
Assim pensava quando, à sua frente, num clarão repentino, delineou-se a cena sanguinolenta do Calvário ! Jesus, cravado na Cruz, a escorrer sangue, irradiava . . . O Peregrino viu-o de relance, e sentiu o seu coração pulsar desordenadamente. Seus membros estremeceram . . . Tentou, num gesto trágico, arremessar-se aos pés do Crucificado . . . e acordou.
Meio dia. Sol em pleno azul! A luz, caindo dos espaços, distende-se, amplia-se, abraçando vales e cordilheiras . . . Há músicas no céu, músicas na terra, músicas nas almas !
O Peregrino, exausto, no cimo de uma aclive, tendo avistado perto a cidade que fremia ao sol, havia parado um pouco, a fim de recobrar novo alento para lá chegar . . .
A poucos passos se erguia uma árvore frondosa, cuja sombra, como dois braços estendidos, parecia convidá-lo a descansar. E o Peregrino encaminhou-se para ela, gemendo, e, na sombra, depôs no chão o chapéu e a mala de viagem, seus companheiros de jornada, e assentou-se quase rente ao tronco do vegetal centenário. Como se sentia aliviado agora ! Seus pés latejavam menos, seu coração batia sossegadamente ! Lançou em torno, então, a vista deslumbrada das distâncias . . .
Ao longe, descuidosamente, pastavam os rebanhos, salpicados pela colina verdejante como estrelas no céu, no mistério das noites claras ! Cintilavam ao sol os vultos ásperos dos rochedos distantes, fazendo lembrar faces enrugadas onde aflorassem sorrisos ! Trapos de nuvens corriam pelo azul, como receosas de serem tragadas pela luz ! No bojo da cidade, que se espreguiçava ao sol, máquinas vomitavam fumo, um concerto infernal de vozes se elevava ininterruptamente, a vida tumultuava ! . . .
E o Peregrino se pôs a cismar . . . Viera de tão longe ! Um dia ( como se lembrava ainda! ) partira ao nascer do sol! As suas irmãs foram esconder-se para não vê-lo partir, e a sua saudosa mãe, velhinha, ficara olhando-o, com a alma sangrando, afogada em lágrimas, até vê-lo apagar-se na curva da estrada! Ah ! quanto o fizeram sofrer aquelas lágrimas ! O seu coração também chorava ! . . . A luz do sol nascente lhe era triste como trevas lúgubres, os cânticos dos pássaros lhe pareciam soluços e as flores que marginavam a estrada eram magoadas e dolorosas como as que vira um dia derramadas sobre a tumba do seu saudoso pai ! . . .
Mas ele seguia. O Destino o arrastava. Como fora longa e martirizante aquela primeira noite, que passou distante do lar paterno! Em lugar dos entes queridos, tivera então por companheiros, numa sórdida estalagem onde se recolhera, vários peregrinos andrajosos, leprosos entes abandonados ao léu, sem família e sem pátria, que viviam errantes, espalhando lágrimas e imprecações aos quatro ventos ! Ah ! os seus primeiros companheiros de infortúnio ! Partiram na manhã seguinte, cada qual para seu lado, uns blasfemando, outros murmurando rezas, e nunca mais vira aqueles fantasmas da Desgraça ! . . .
Os dias foram passando. A imagem de sua saudosa mãe, e as de todos os entes que lhe eram caros, aos poucos lhe foram rolando da retina para o coração, onde as conservava guardadas como em um nicho cercado de luzes. Quanto tempo faia já, que partira ! Era então moço e forte, e sentia a farfalhar dentro do peito uma floresta de ilusões ! Mas bem cedo recebera o beijo cáustico das primeiras desventuras ! Quantas vezes, em paragens desertas, extenuado de cansaço, adormecera ao luar, após fazer magoadas confidências às estrelas; e quantas vezes o dia lhe viera encontrar com as vestes e os cabelos úmidos de orvalho !
Por vezes a asa do amor lhe roçara o coração, mas os seus vestígios logo se apagavam, como as estrelas pálidas ` a luz violenta do sol matutino ! Em quantos olhares puros sentira resplandecer, como numa oferta, a centelha de um amor celeste ! ? Quantas camponesas belas, irmãs das fontes ignoradas e das flores selvagens, ficaram soluçosas vendo-o partir, quando ele ao romper da aurora, se despedia das herdades que lhe haviam dado hospedagem ! ?
Às vezes sentia desejo de ali ficar, para uma felicidade que lhe acenava, mas sempre triunfava nele o desejo de seguir . . . Arrastava-o eternamente uma força cega, a Fatalidade !
E quantas vezes, em tardes brandas como bênçãos, atravessara povoados bucólicos e festivos, onde moças e crianças cantavam, instrumentos rústicos derramavam lânguidas no ar - músicas que vertiam melancolia e saudades em seu coração ! Quantas lembranças, umas risonhas, outras dolorosas, lhe perpassavam então pela imaginação, numa sequência de sombras e clarões !
* * *
O dia começava a declinar. Vencido de fadiga, o Peregrino deitou-se, recostado à árvore que o abrigava, e adormeceu. Aves cantavam na ramagem florida, que estremecia . . . E o Peregrino começou a sonhar. A brisa morna roçava-lhe de manso a face, os cabelos, e vinham aos seus ouvidos a música dos pássaros e o soluçar magoado da ramagem ao vento. Súbito sentiu-se ele transportado ao céu, na asa encantadora de um sonho . . .
A sua vista, atônita, sobrenadou num oceano de maravilhas celestes . . . Envolvia-o agora uma aragem m estranha, suave como o poderia ser o respirar dos anjos. Tudo era cânticos e resplendores ! Via perpassarem alas de virgens envoltas em túnicas alvas e radiantes, e seguiam rezando de mãos postas, até se sumirem além em nuvens de fulgores.
E cânticos e músicas celestes embalavam o Peregrino. Súbito sentiu ele ouvir um toque de clarim e supôs se algum anjo que anunciasse a chegada de Jesus Cristo. Ah ! se o visse ! Arrojar-se-ia aos seus divinos pés, como o fizera um dia na terra a pecadora arrependida . . .
Assim pensava quando, à sua frente, num clarão repentino, delineou-se a cena sanguinolenta do Calvário ! Jesus, cravado na Cruz, a escorrer sangue, irradiava . . . O Peregrino viu-o de relance, e sentiu o seu coração pulsar desordenadamente. Seus membros estremeceram . . . Tentou, num gesto trágico, arremessar-se aos pés do Crucificado . . . e acordou.
* * *
A tarde vinha descendo, calma e sonhadoramente sobre os campos.
O Peregrino lançou a vista ao redor, atônito, mas logo murmurou:- Ah ! sempre a realidade amarga me envolvendo ! . . . Ergueu-se. Ao seu lado achava-se, agora, um rapazinho louro, que lhe foi dizendo:- - Oh ! meu caro viandante ! deves ter sonhado mesmo muitas coisas bonitas, pois vi-te sorrindo sempre, enquanto dormias.
O Peregrino volveu então o seu olhar para aquela criança que assim falava, e que se achava tão confiante e satisfeita ao seu lado.
Teria ela uns doze anos de idade, vestia-se à moda campesina e tinha os pés descalços. Trazia a tira – colo um grande bornal, e via-se em suas mãos uma flauta de pastor. - Meu bom menino - disse o Peregrino - cheguei aqui fatigado da caminhada, e, tendo me deitado para descansar, adormeci, e sonhei coisas tão lindas como jamais havia sonhado ! Fizeste bem em parar um pouco comigo. Vejo que és bonzinho ! Onde moras ? - Moro aqui pertinho, nas vizinhanças da cidade. Se eu tocar com força, da nossa casa ouvirão a música de minha flauta. Vivo pastoreando os rebanhos de meu pai. Vinha eu daqueles montes além, tocando o meu instrumento, quando aqui cheguei, e vi-te a dormir em pleno campo . . . Tive pena de ti, e resolvi ficar ao teu lado até que acordasses. De onde vens ? quem és ? como te chamas ? - Sou um viandante sem pouso e sem roteiro certo. Como ‘ O Peregrino ‘ sou conhecido ! Vim de muito longe, de uma pequenina aldeia desconhecida . . .
E o Peregrino, resumidamente, contou ao pastorzinho a sua odisséia de martírios. Terminando, disse-lhe:- Vou partir ! A noite já vem caindo, o cansaço abandonou-me, e a minha vista, hoje, ainda contemplará outras plagas ao redor . . . e estendeu a mão ao pastorzinho que suplicou-lhe:-Não vás meu caro Peregrino!Já sofreste muito nas tuas jornadas, e precisas descansar ! . . . Vem comigo para a nossa casa ! Sei que meu pai, que é tão bom, te acolherá ! A nossa casa é farta ! Ali, as minhas irmãs cuidarão da tua roupa e minha mãe preparará comida para nós ! . . . Se quiseres, também, todos os dias ensinar-te-ei a tocar lindas músicas na minha flauta ! Vem comigo, e irei tocando uma canção que as minhas irmãs me ensinaram, intitulada “Quando morre um lírio” . . . Vem comigo, caminha ! . . .
Do peito do Peregrino se escapou um doloroso suspiro ! Abraçou freneticamente o pequeno pastor, apanhou o chapéu e a mala de viagem, lançou um derradeiro olhar àquela criança que lhe trazia à lembrança os anjos que vira em sonho, e partiu, deixando-a chorando no meio da estrada.
* * *
Desenrolando o seu painel de sombras, a noite vinha caindo, magoada e silenciosa.
Aos olhos do Peregrino, as montanhas em torno, a cidade imensa, as primeiras estrelas que tremiam no céu, tudo lhe parecia triste como que vela um cadáver.
Taciturno, atravessou a cidade. À saída, em uma igreja pobre, um sino derramava soluços no ar, tristes, muito tristes . . .
Instintivamente, descobriu-se o Peregrino: persignou-se e foi andando, andando, até engolfar-se na noite, atraído pela Fatalidade que o arrastava . .
(Tarumirim, agosto de 1943)
O Peregrino lançou a vista ao redor, atônito, mas logo murmurou:- Ah ! sempre a realidade amarga me envolvendo ! . . . Ergueu-se. Ao seu lado achava-se, agora, um rapazinho louro, que lhe foi dizendo:- - Oh ! meu caro viandante ! deves ter sonhado mesmo muitas coisas bonitas, pois vi-te sorrindo sempre, enquanto dormias.
O Peregrino volveu então o seu olhar para aquela criança que assim falava, e que se achava tão confiante e satisfeita ao seu lado.
Teria ela uns doze anos de idade, vestia-se à moda campesina e tinha os pés descalços. Trazia a tira – colo um grande bornal, e via-se em suas mãos uma flauta de pastor. - Meu bom menino - disse o Peregrino - cheguei aqui fatigado da caminhada, e, tendo me deitado para descansar, adormeci, e sonhei coisas tão lindas como jamais havia sonhado ! Fizeste bem em parar um pouco comigo. Vejo que és bonzinho ! Onde moras ? - Moro aqui pertinho, nas vizinhanças da cidade. Se eu tocar com força, da nossa casa ouvirão a música de minha flauta. Vivo pastoreando os rebanhos de meu pai. Vinha eu daqueles montes além, tocando o meu instrumento, quando aqui cheguei, e vi-te a dormir em pleno campo . . . Tive pena de ti, e resolvi ficar ao teu lado até que acordasses. De onde vens ? quem és ? como te chamas ? - Sou um viandante sem pouso e sem roteiro certo. Como ‘ O Peregrino ‘ sou conhecido ! Vim de muito longe, de uma pequenina aldeia desconhecida . . .
E o Peregrino, resumidamente, contou ao pastorzinho a sua odisséia de martírios. Terminando, disse-lhe:- Vou partir ! A noite já vem caindo, o cansaço abandonou-me, e a minha vista, hoje, ainda contemplará outras plagas ao redor . . . e estendeu a mão ao pastorzinho que suplicou-lhe:-Não vás meu caro Peregrino!Já sofreste muito nas tuas jornadas, e precisas descansar ! . . . Vem comigo para a nossa casa ! Sei que meu pai, que é tão bom, te acolherá ! A nossa casa é farta ! Ali, as minhas irmãs cuidarão da tua roupa e minha mãe preparará comida para nós ! . . . Se quiseres, também, todos os dias ensinar-te-ei a tocar lindas músicas na minha flauta ! Vem comigo, e irei tocando uma canção que as minhas irmãs me ensinaram, intitulada “Quando morre um lírio” . . . Vem comigo, caminha ! . . .
Do peito do Peregrino se escapou um doloroso suspiro ! Abraçou freneticamente o pequeno pastor, apanhou o chapéu e a mala de viagem, lançou um derradeiro olhar àquela criança que lhe trazia à lembrança os anjos que vira em sonho, e partiu, deixando-a chorando no meio da estrada.
* * *
Desenrolando o seu painel de sombras, a noite vinha caindo, magoada e silenciosa.
Aos olhos do Peregrino, as montanhas em torno, a cidade imensa, as primeiras estrelas que tremiam no céu, tudo lhe parecia triste como que vela um cadáver.
Taciturno, atravessou a cidade. À saída, em uma igreja pobre, um sino derramava soluços no ar, tristes, muito tristes . . .
Instintivamente, descobriu-se o Peregrino: persignou-se e foi andando, andando, até engolfar-se na noite, atraído pela Fatalidade que o arrastava . .
(Tarumirim, agosto de 1943)
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