Comentário
Duas obras de Gonçalves da Costa encerram esta retrospectiva. Outros trabalhos do poeta, publicados em jornais de Minas Gerais e de outros estados, certamente existem. A maioria desses jornais - talvez a totalidade - não mais circulam e, na ótica do colunista, não foram os seus arquivos preservados. Para os leitores que gostam de poesia e admiram a obra de Gonçalves da Costa, apresentamos “Tríduo” e “Viagem”.
José Geraldo Leal
Rua Rufino da Rocha - 64
35350 000 - Raul Soares (MG)
Tríduo
O desespero tem as suas flores . . .
No chão propício germinou, cresceu.
É o delírio de vozes, luzes, cores,
disfarce para os ídolos de breu.
Estorcem-se, contorcem-se, nas ânsias,
os loucos embebidos do elixir . . .
Outras distâncias. Para que distâncias ?
Partir, partir. Mas para que partir ?
Agora, um mágico, no mundo externo,
Transforma numa rosa cada inferno,
Cai-lhe das mãos a glória, tudo é céu . . .
Mas a invisível roda esmaga, esmaga.
Amanhã, um crepúsculo, uma chaga,
células mortas se arrastando ao leu.
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Viagem
No pensamento em vigília
o anjo, coroado de vozes,
se levanta, a estrela brilha
sobre os abismos ferozes.
Leve harmonia, floresce
- vegetação sobre o altar
as palavras são a messe
nas planícies do Cantar.
Festa de luzes e tintas.
Cala vento ermo, não fales,
Sombras ariscas, famintas,
Buscam comida nos vales.
Agora, a paz sobre os ombros,
traz a Escada de Jacó . . .
Irei além dos escombros,
Sobre as vertentes do Só . . .
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