domingo, 24 de julho de 2011

Gonçalves da Costa

Comentário

A inspiração, a força da poesia de Gonçalves da Costa, a beleza de suas imagens está presente no poema “ESPARSAS”.
Cultura esbanja o poeta ao se referir a Mantua, localizada na Itália, forte praça de guerra; rico museus de culturas e Eleusis, cidade da Ática, a N.O. de Atenas, onde existia um templo de Ceres, em que se celebravam mistérios famosos em toda a Grécia. O mesmo se pode dizer quando evoca a Virgílios, lembrança de Virgílio, o mais célebre dos poetas latinos que nasceu nas proximidades de Mantua; autor da Eneida, das Geórgicas e das Bucólicas. Protegido de Octavio e Mecenas; faleceu antes de concluir a Eneida, que ele queria destruir. Imitador particularmente hábil dos antigos, particularmente de Theocrito e de Homero. E quando fala em Homeros rende a sua homenagem a Homero, célebre poeta grego, considerado como o autor da Ilíada e da Odisséia. Fato singular: sete cidades reclamam a honra de haver sido o berço do notável poeta.
Bem ao estilo do poeta o fecho do poema: “. . . louco divino . . . Ao partires, almocemos lua nova, cozida em caldo de arco – íris.”

José Geraldo Leal
Rua Rufino Rocha - 64
35350 -000 -Raul Soares (MG)

0 0 0


ESPARSAS


O olhar dos abismos, crede,
torna os meus olhos insanos . . .
Os olhos loucos têm sede
devoradora de oceanos.

Homens do século, ovantes,
que entoais o canto profundo . . .
Sois os modernos atlantes.
levais nos ombros o mundo.

- Se a eternidade é o momento,
(um verme lírico exclama),
dela vivo e me alimento,
dentro da rosa de chama.

O cenário, quanto é hediondo !
Vocifera, uiva, pragueja. . .
Horrorizado me escondo
neste silêncio de igreja. . .

A criancinha baixa à lousa,
pela manhã socegada,
- sol de asas tenras que pousa
nos ombros da madrugada.

Tuas lágrimas doloridas,
lázaro e poeta, ao vertê-las,
vês tua carne em feridas,
vês tua alma nas estrelas.

Velhos tempos . . . Mantua, Eleusis. . .
Os Homeros, os Virgílios,
Caminhavam entre deuses,
Eram suaves andarilhos. . .

Ver a estrela dos tenazes.
Não lastimar nem sorrir.
Entre guerras e entre pazes,
Não ser notado. . . e existir.

Nas paragens ilusórias,
vovós aéreas, as brisas,
me embalam, contando histórias,
por estradas sem balizas.

Vais de viagem para a cova,
Louco divino. . . Ao partires,
Almocemos lua nova,
Cozida em caldo de arco – íris.

Nenhum comentário: