Comentário
Em “ELES ESTÃO NO FUTURO” o poeta esbanja talento e imaginação. Ao
arbítrio do leitor fica a interpretação do alcance da narrativa e ao imaginário de cada um o retrato da “ Era Nova, que se esconde atrás dos montes”.
A linguagem ora é forte, até contundente; em outros momentos expressa conformismo, estupefação e ternura.
Afinal, seriam os “homens fortes”, os “homens de músculos de bronze”, seres extraterrestres ?
José Geraldo Leal
Rua Rufino Rocha - 64
35350- 000 - Raul Soares (MG)
ELES ESTÃO NO FUTURO
Ainda virão os homens fortes, os homens de músculos de bronze,
Que apagarão da História a lenda do fim do mundo.
Um sol novo lampejará na ponta das suas espadas.
Gotas de sangue vertido desabrocharão em músicas e chamas,
E rodearão de glória a face dos heróis . . .
Ainda virão os homens fortes . . .
Suas plantas em fogo hão de queimar, no solo
Ao rebentos do Morbo, o caule do Obscurantismo,
Com as mãos rudes construirão Cáucasos,
E neles acorrentarão o povo triste das Misérias . . .
Seus olhos serão sóis vermelhos, cujos clarões acordarão a seiva do seio das pedras
E acordarão a Ondina virem esquecida entre os abismos.
Os homens fortes virão e povoarão os vales.
Suas vozes guerreiras se elevarão aos cimos
Onde as aves, bêbadas de altura, mergulharão as asas na luz.
Eles cantarão cânticos novos, em vozes quentes como a voz das chamas.
Bandeiras estranhas tremerão diante das legiões
infrenes, que irão pisando ruínas e irão soerguendo impérios.
Quando vierem os homens fortes, a terra será um ventre farto.
E eles possuirão a terra.
Colherão cachos e espigas virgens entre as nuvens . . .
Ante os seus gestos, os rios rugirão contrariedades, mas adormecerão submissos . . .
Eles, os homens fortes, hão de arrojar na pira sagrada a divisa – impossível,
E hão de construir um lema novo, rodeado de estrelas.
A terra os contemplará, atônita, mas beijará a planta dos seus pés ardentes.
Eles sorrirão para a altura, e a altura se abrirá para eles num sorriso largo.
As minhas mãos se estendam para os homens fortes, da Era Nova, que se
esconde atrás dos montes !
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