sábado, 23 de julho de 2011

Gonçalves da Costa

Comentário

Após um período de paralisação o jornal O IMPARCIAL voltara a circular semanalmente em Raul Soares, por iniciativa de Hugo Leão, uma das grandes lideranças intelectuais de nossa terra. Gonçalves da Costa comemorou o acontecimento com a bela página a seguir transcrita.

José Geraldo Leal
Rua Rufino Rocha - 64
35350-000- Raul Soares (MG)

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Há, entre montanhas, um lugar feito de dias e noites, chamado Sítio de Fênix. Nos seus jardins as flores da vida sobrepujam as flores da morte. Contém fontes restauradoras, junto das quais vão descansar, temporariamente, quase todos os jornais do interior. Lá esteve durante uma temporada o O IMPARCIAL. Deixou para trás vários colegas provincianos, e mesmo colegas ilustres, mas voltou.
O IMPARCIAL retorna, pela mão de seu velho amigo, o doutor Hugo Leão.
O doutor Hugo, artista de origem, artista abnegado, desta vez desempenha um papel mais ou menos idêntico ao de Fernandel, no “Dom Camilo . . . “ Reza sobre as armas do O IMPARCIAL. Atira-lhe água benta. Aperta-lhe a destra, e o envia ao combate.
A batalha em que não se cogita de derramar sangue, mas de derramar esclarecimentos úteis, incitamento ao futuro, esperança, sementes de otimismo.
- Por que não está à frente das hostes o velho legionário Edward Leão ? - pergunta logo à entrada, O IMPARCIAL. Alguém o cientifica da verdade fria, inapelável. A fatalidade que se fixa como um selo sobre os destinos humanos ... Uma lágrima toca então o campo da luta. Há uma reflexão dolorosa, um suspiro, um momento de silêncio. . .
Mas, - pondera O IMPARCIAL - o pensamento não descansa. Porque não morre com a estirpe. Acompanha os que descendem, faz florir estradas, onde se encontra transeuntes . . .
O sítio de Fênix não tem comunicações com o mundo exterior. Solitário, faz lembrar aquele subterrâneo que, segundo Vítor Hugo, Caim fez construir, em vão, na tentativa de fugir ao olho da Divina Providência. Agora, porém, O IMPARCIAL, que chega de alma limpa, irá inteirar-se de tudo. Do que há pelas esferas municipais, estaduais, nacionais, mundiais. Observador sutil, maravilhado pelo que lhe merecer censura, ele irá contar muita coisa aos que se dignarem de o ouvir..
O IMPARCIAL, também, terá uma certa semelhança com o célebre gigante da bota de sete léguas. Caminhará com um pé no mundo da realidade e com outro no mundo da fantasia. Porque o seu velho amigo, o doutor Hugo Leão, é uma espécie de Walt Whitman brasileiro, que diz o que é preciso dizer, para retratar a verdade incisiva, numa linguagem aprendida com as flores iluminadas da infância.
Ao O IMPARCIAL, felicidades! Ao intelectual Hugo Leão, parabéns !

Um comentário:

Ana Carolina disse...

Lindos os poemas! Parabéns!