terça-feira, 26 de julho de 2011

Gonçalves da Costa

Comentário


O poema CANÇÃO foi publicado há mais de cinquenta anos em edição comemorativa do décimo nono aniversário do Jornal do Povo de Ponte Nova. Nota-se na obra uma forte influência dos movimentos literários pós - romantismo.

José Geraldo Leal
Rua Rufino Rocha - 64
35350-000 -Raul Soares (MG)


CANÇÃO

Voaram punhais do teu corpo
furaram o lago triste
vieram os peixes à tona
para o cântico da lua . . .
Lâminas virgens, divinas,
água e sangue ao recebê-las
se tornam em harmonias,
logo se tornam estrelas.

Teu corpo, flor pequenina
das paisagens do mistério,
ínfima m chispa, incendeia
a cabeleira das noite.
E o réprobo, o expatriado,
que se arrasta num gemido,
sente, entre sombras difusas,
a estrela do lar perdido.

Essa esperança que afaga
espera o afago sem nome
que há de surgir como surgem
os pensamentos dos anjos,
e os delírios amorosos
Aos lírios dos vales fundos,
Aos lírios, em cujo seio
Sorriem todos os mundos.

Sinto lanças pela carne,
teu corpo é incêndio de lanças,
os meus olhos profanaram
a auréola ardente de santa . . .
A noite te envolve a fronte,
noite - loucura estrelada,
e nos teus braços em chamas
colherei a madrugada.

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