Comentário
No ano de 1957, na tranqüilidade de Raul Soares, Gonçalves da Costa escreveu e publicou “SONETO” e “ESCUTA”, que lançamos hoje nesta coluna de nostalgia e que resgata a memória de um dos maiores poetas mineiros do século passado.
José Geraldo Leal
Rua Rufino Rocha -64
35350 - 000 - Raul Soares (MG)
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SONETO
Serei a morte farejando a vida
na primavera azul das tuas formas,
a visão será pétala caída
nesse mapa telúrico, sem normas . . .
Contemplativa, ambiente, silenciosa,
a mensageira do esplendor mortiço,
do seu altar, virá despir-se a rosa
em santidade, em madrugada, em viço . . .
Vultos de mármore, aluviões de renda !
De joelhos ! . . . No crepúsculo, a oferenda
é humanidade que se diviniza . . .
Serei presença em teu mistério, amada,
visão entre céus, lívidos, coroada
de eternidade, som, lampejo, brisa . . .
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ESCUTA
Escuta, ó Canção – Ternura.
Amanhã seremos crianças,
colheremos, na verdura,
borboletas e esperanças.
Serão asas os meus braços,
duas asas te darei . . .
Serão nossos os espaços,
a estrela, a barba do rei . . .
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