terça-feira, 26 de julho de 2011

Gonçalves da Costa

Comentário


Itamar Lopes, eficiente servidor da agência dos correios de Raul Soares, dando prosseguimento ao brilhante trabalho do pai na referida repartição - o nosso saudoso amigo Itagiba Lopes -, é também um admirador de Gonçalves da Costa e de sua obra. Privou da amizade do poeta. Em um setembro dos anos 80 o poeta presenteou Itamar com o trabalho por ele intitulado “Tristes” , um conjunto de trovas. É um trabalho inédito do poeta que graças à gentileza de Itamar lançamos nesta coletânea.

José Geraldo Leal
Rua Rufino Rocha - 64
35350 000 - Raul Soares (MG)


TRISTES


Ninguém engole uma argola,
também não há quem engula
um paletó com a gola,
por maior que seja a gula.

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Lugar bem lindo, tão alto,
mas nem rosa nem jasmim . . .
Eu quis fugir dei um salto,
e caí dentro de mim.

#

O assassino ao ser ouvido,
diz com o respeito devido,
que a sua arma era de espuma,
ou não tinha arma nenhuma . . .

#

Nem idiomas nem dialetos
convencionais . . . Não convinha
o traficante de insetos
aos proprietários da vinha.

#

Se manténs muitas mulheres,
e vês muitas pelas ruas
na área dos malmequeres,
algumas delas são tuas.

#

Por mais que a gente se insule,
sempre fala, sempre diz,
ás vezes até de um bule
goteja a frase feliz . . .

#

Tenho dois laboratórios
na rua dos Alcaçuzes,
num deles fabrico sombras,
e no outro fabrico luzes.

#

As ruas pretas e brancas
passam junto ao meu nariz,
sempre que ocorre um desastre
eu escapo por um triz

#

Andas dizendo que eu disse,
mas não afirmo que disse,
pois vivo aguando os canteiros
da minha eterna doidice.

#

Sou hoje de poucas falas,
acho que tudo é tolice,
e que apenas vale a pena
olhar os olhos de Alice.

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