segunda-feira, 25 de julho de 2011

Gonçalves da Costa

Comentário

Em mais um “Cântico” do culto poeta, cuja obra procuramos resgatar nesta despretensiosa coluna, encontramos a sua induvidosa vinculação à Escola Mística. “Violante”, a “ virgem Violante”, referida nos seus versos, foi a sóror Violante do Céu, poetisa portuguesa que nasceu em Lisboa. Cognominada pelos seus contemporâneos a décima musa portuguesa. Da sua obra, toda mística, fazem parte : Rytmos, Parnaso Lusitano de Divinos e Humanos Versos. Escreveu em português e espanhol.
Em “Canção Leve” muito lirismo e belas imagens.

José Geraldo Leal
Rua Rufino Rocha - 64
35350 000 - Raul Soares (MG)


Cântico

A idéia veio, radiante.
O encanto raiou, após . . .
Violante, a virgem Violante
Paira bem junto de nós.

Arderei em mil fogueiras,
Serei vale, asfalto, rosa,
soarão vozes carpideiras
sobre a manhã dolorosa.

Ouço, na incerta procura:
“O anjo mau tornou-se bom . . .
E arrasto a chaga sem cura
pelas escarpas do som.

Vão andarilhos buscando
itinerários divinos,
não sabem onde nem quando
a aurora envolve os destinos . . .

Desço os degraus do mistério.
Sobem outras luzes, já . . .
Violante é um país etéreo
que em meu ser florescerá.

- x –
CANÇÃO LEVE

Sempre a música distante
a insinuar devaneios . . .
Ninfas vestidas de arco – íris
cantam nos bosques alheios.

Talvez o cântico leve
em carruagem se transforme
para levar-me às paragens
onde o Espírito não dorme . . .

A morte, embora faminta,
Sempre tem olhos escassos,
Flui nos cânticos de vida
que assoberbam os espaços.

Rosa, ó flor de hinos intactos,
Os próprios ventos governas . . .
Que sobre mim te desfaças
em harmonias eternas.

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